Comic-con: de "Comic" só o nome

Maior evento de história em quadrinhos do mundo decepciona fãs do gênero


Frank Miller é um homem de dois mundos.

Ocorrido na semana passada, entre os dias 24 e 28 de Julho, o tão esperado Comic-con a cada ano tem decepcionado os fãs do gênero que originalmente era tido como motivo principal do evento. Criado ainda na década de 70 na cidade de San Diego, Califórnia, o Comic-con surgiu como um refúgio para os fãs da nona arte, uma oportunidade pra promover seus próprios trabalhos e travar discussões sobre temas relacionados. Mas, como próprio sinal dos tempos da indústria do entretenimento, depois de três décadas o evento sofreu uma maquiagem extrema, tornando-se uma disputada vitrine para o cinema e a televisão. Assim, o que antes era atração principal do evento, e obviamente o responsável pelo seu título, as Comics apareceram mais como pano de fundo ilustrativo neste último Comic-con, tal como diz o relato desapaixonado de um antigo fã do evento"Comics are no longer the focus, and it's too media oriented today.", WildWill.

A resistência

Em meio ao desfile de franquias e promoções de Hollywood, houve apenas dois momentos de resistência para as HQs, a Dc Nation e a cultuada premiação Will Eisner. Como o próprio nome revela, a Dc Nation tratou-se de uma reunião que pôs frente a frente os principais nomes na editora DC e uma platéia de ávidos leitores. Já o Will Eisner dispensa explicações, basta dizer que a premiação, que leva o nome de um dos grandes mestres dessa arte, é tida como o Oscar para os quadrinhos, dado ao seu prestígio.

Dentro dessa atual conjuntura, um verdadeiro homem de dois mundos foi o desenhista e escritor Frank Miller. Desde o primeiro dia da feira Miller se dividiu entre os eventos de quadrinhos e os de cinema, uma vez que ele dirige atualmente o filme Spirit, baseado no personagem do mestre Will Eisner.